
BoM DiA
Estou aqui novamente com cimento e uma colher de pedreiro para colocar mais tijolos no muro.
Nesta sua revista octagonal, falaremos de
LI.vrö e PhiLL.me:
Primeiramente, quero comentar sobre um
LI.vrö que tenho muito apresso.
"O Paciente Steve" de Sam Lipsyte (já adianto, não eh o melhor livro que vc vai ler na vida, mas acredite, vale a pena).
Conta a história de
Steve, um publicitário que não anda bem das pernas. Está divorciado de sua mulher desde que, segundo ele, ela foi roubada por seu amigo William (qualquer semelhança não é mera coincidência. Coincidências não existem).
Mas a verdade que Steve não queria admitir era que, além de ser um péssimo marido, também não era um pai promissor. Sua filha
Fiona, já divorciada do
shrek, é adolocelente, rebelde e sem calça, além de achar o pai um tremendo banana. Para melhorar sua situação, Steve está
com uma doença terminal, incurável, da qual ninguém adoeceu ainda. Ao invés de continuar a narração, gostaria que lessem as linha abaixo. É um trecho da coluna de
Ricardo de Mattos, feita para o site
Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1449).
Após, faço umas considerações. Leia-se:
"O azar de Steve consistiu em cair sob os cuidados de dois charlatões ansiosos por notoriedade. Após alguns exames de rotina, os médicos - referidos no início somente como Mecânico e Filósofo - anunciaram a presença de certa doença desconhecida. Steve, pontificaram, um dia morrerá. Não se sabe quando, mas morrerá. Se um evidente embuste receber uma camada de seriedade e se tratado com o devido escândalo pela mídia, suas chances de adquirir credibilidade aumentam. Os dois requisitos são presentes no texto de Lipsyte. Primeiro o da seriedade: a doença é nomeada e descrita, bem como a imprensa solenemente convocada para uma entrevista coletiva. A "Síndrome Goldfarb-Blackstone Preparatória para a Extinção" - ou simplesmente PREXIS - caracteriza-se por ainda não possuir "causa identificável, o que não atenua sua fatalidade inquestionável. (...) Mas aqui está o complicador: ele vai morrer sem nenhuma razão conhecida. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas algum dia, irrevogavelmente. Ele pode não mostrar nenhum sinal disso ainda, mas mostrará, podem ter certeza". O segundo requisito, o do agitamento, tem lugar quando os médicos apresentam Steve como o único doente na cidade em estado terminal da PREXIS e permitem que repórteres mercenários divulguem as poucas e confusas informações".
Não conto mais do livro pois, se alguem quiser ler, não vou estragar a surpresa. Até porque, o ponto que eu queria chegar era esse mesmo.
"Steve, pontificaram, um dia morrerá. Não se sabe quando, mas morrerá." Perceberam a semelhança com outro personagem bem conhecido de vcs? não? ahhhhhh, qualé, não estão tentando adivinhar... impossível que não saibam...
tah, tah, vou dar uma dica:
é possível ver este personagem todos os dias quando se está de frente a um espelho.
hehe, estou falando de
vc mesmo. e de mim. e de todas as outras pessoas do mundo. Ricardo de Mattos aponta uma característica do livro que é a crítica ao consumismo da modernidade, mas no meu ponto de vista, a
crítica literária é bem mais profunda, bem mais filosófica, principalmente quando Steve resolve buscar um estranho retiro para se curar. Percebem?
Quero dizer que
nascemos com a morte, mas como somos jovens, bonitos, ricos, bem sucedidos, rodeados de pessoas que nos adulam, nos falam bem, nos prestigiam, acabamos nos esquecendo desse pequeno detalhe. Já nos cagaram nesse mundo com uma certidão de óbito. Quando nos damos conta da morte, nos desesperamos, entramos na primeira igreja que achamos na frente, e clamamos ao deus-morto de
Nietzsche para salve nossa pobre alma pois fomos muito bonzinhos durante a vida. Mas, será que realmente vivemos?
buscamos a felicidade em cada detalhe?Se quer um exemplo desse detalhe, me diga:
Vc está respirando agora?Enquanto vc fica ai, pensando na melhor resposta que poderia me dar, deixo algo que escrevi uns dias atrás:
- "Quando eu nascer, mamãe, me faça um favor,
- digite meu atestado de óbito sem nenhum temor.
- E deixe que a causa e a data eu completo em vida,
- pois, no fundo, a morte eh minha única amiga".
Steve busca a cura porque quer continuar vivo, mas, não seria melhor ele viver logo de uma vez, ao invés de passar a vida querendo viver, achando que o mundo é bosta, que deus é mau, e que o lula
não faz porra nenhuma?E voltando a conversa pra vc,
leitor, me responda:
Vai
deixar de ser feliz, assim,
sem mais nem menos,
Só porque te disseram que a morte é
ruim?
Vai passar a
vida com medo,
achando que na
morte encontrará o
fim?
Enquanto pensa nisso, aconselho um:
PhiLL.me

Hahaha, quem assitiu esse filme nos falecidos
video cassetes deve ter feito como eu. Deve ter tentado congelar a imagem no exato segundo que esse aviso aparece no video, o que era muito difícil de fazer. Confesso, que somente graças à minha amiga
Amandit's (www.fotolog.com.br/thepatient/55770826) pude finalmente ler o que estava escrito, e, pasmem, Tyler Durden
estava certo!Para quem está confuso, o filme a que me refiro é um dos melhores na minha humilde opinião.
FIGTH CLUB, Clube da Luta. Dirigido por
David Fincher, e com grande elenco incluído
Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter, o filme relata a vida de
Jack (Norton) que trabalha como investigador de seguros e mora confortavelmente em um apartamento moblilhado por ele mesmo, com os exclusivíssimos artigos de venda por catálogos (sim, ele tem uma mesa de centro no formato
yin/yang).
Entretanto, ele tem um problema.
Insônia.Procura um médico para que lhe receitasse uns remédios, dizendo que sofria muito, e o doutor lhe falou
"quer saber o que é sofrimento? vá a uma reunião de anônimos com cãncer nos testículos". Pois eh, ele foi. E foi lá que conheceu a
paz. Depois conheceu
BoB. Por fim, a viciada
Marla Singer (Bonham Carter), que como ele, não tinha problema nenhum e somente ia até lah pq o café era de graça. Sua impossibilidade de dormir retorna.
Até que, em uma de suas viagens a trabalho, acaba por conhecer o vendedor de sabão
Tyler Durden (Pitt). Outro de seus amigos descartáveis, mas um que Jack jamais vai esquecer. Juntos eles formam na
Taverna do Lou ("I'm the Fucking Lou, who are fucking you?") o Clube da Luta, e, para o resto da história, só locando ou puxando da net pra saber.
Um dos filmes mais perturbadores que já assisti. Lá vc pode ver claramente como nossa sociedade é nojenta, e de que forma nós participamos dela. Como assim?
Imagine: sabe quando vc caga e olha para o vaso pra ver como foi seu trabalho? Vc é aquele milho, advindo do cachorro quente de um real da esquina pós-balada, boiando num mar de merda.
Está satisfeito com isso?

Cr3dit's:
This FoT.0: "Dentist", by disintegration.deviantart.com
As demias fotos forma tiradas da net. DOMÌNIO PÙBLICO.
MüsiK de fundo: Deliriun Cordia, by FantÔmas!
Agradecimentos: à Amanda Guedes (blog Aquarelas), ao Mike Patton (show do Faith nO More em sampa dia 07 de novembro) ao Steve, e à todo pessoal do clube que ainda luta.
Tchicotraulizado by: Th3 FatmaN